Escã de Waldir Rabello
sábado, 31 de maio de 2014
O direito de
manifestação é uma jóia preciosa que devemos lidar com cuidado e
responsabilidade. Tem de ter uma pauta de reivindicação importante, objetiva e
coerente. Nada de aderir porque é moda ou pra aparecer em foto no facebu.
Antes de
aderir pensar bem se é manifestação autêntica ou quinta-coluna estrangeira. Se não
sabes onde pisas, então és mau cidadão, irresponsável.
Os problemas
cruciais que temos não são decorrentes de determinado governo, seja efeagacista
entreguista ou de torturados profissionais, mas da mentalidade nacional que
precisa mudar.
Antes de
reencaminhar aquelas mensagens falando horrores da copa e do governo, leias
isto:
É hora do
governo se tocar de que a mentalidade arcaica de manter o povo na ignorância,
achando que a ignorância é ótimo cabresto, é uma faca de dois gumes, pois o
cidadão ignorante também é manipulado facilmente por uma superprepotência
estrangeira interessada em bagunçar tudo. Então fica do jeito que o Diabo
gosta, ou melhor, do jeito que o Grande Satã gosta.
Como no Chile,
o Grande Satã não conseguiu derrubar Allende no voto nem comprando os
militares, mas enfim conseguiu fazendo um canalha dar o golpe.
Aqui foi assim
também. Não sei como eram os posteriores. Que fale quem está mais dentro do
assunto. O fato é que tudo isso visava difamar os militares, criar ojeriza da
população contra essa classe vital. É por isso que não devemos cair nessa, pois
estaríamos fazendo o jogo dele, do Grande Satã.
Fazendo engenharia
civil na UFMS, em 1981, fiquei decepcionado com a carga de matérias humanas no
curso. Um colega disse que um empréstimo foi concedido sob a condição de
enfraquecer o ensino e que os professores de física me perseguiam porque
achavam que eu era comunista pelo que escrevia no jornal do diretório. Nunca fui.
Era até bem alienado aos 17 anos. Meu enfoque era a qualidade de ensino. Só isso.
Os professores de cálculo eram meus amigos mas os de física me perseguiam
mesmo, tanto que vivia reprovando.
É muito
estranho um curso de engenharia civil ficar carregado de ciências humanas. Então
a questão do enfraquecer o ensino é plausível, óbvia até.
Portanto escolhamos
logo: Continuar discutindo a ditadura, numa catarse sem fim, ou construir um
novo Brasil, longe do Grande Satã, pois só quem é muito ingênuo em geopolítica
se alia a ele, que solapa igualmente aliados ou inimigos, porque essa é a natureza
do Diabo.
Muitos não
gostam de ver outros pontos de vista históricos por se acomodar a seu ponto de
vista conformista ou contestatório-acomodado.
Os portugueses
não eram matadores de índio como os espanhóis, pois a mentalidade templária
difere radicalmente da católica. O catolicismo luso era só de fachada, se
equilibrando entre o calvinismo inglês e os estados papais, pois ambos eram
vitais pra sua sobrevivência. Assim conseguiram manter um território
gigantesco, miscigenando em vez de matar.
A cândida idéia
de que se os europeus não chegassem os índios viveriam em paz não resiste à
verificação histórica. Os índios viviam em pé-de-guerra, e se os europeus não
chegassem chegariam os incas, uma espécie de império romano sul-americano. O que
deu aos europeus vitória tão rápida foi a arma de fogo.
Os indianos
barraram o avanço de Alexandre Magno. Os soldados se assustaram com os rojões,
por isso se recusaram a avançar. Os mongóis foram tão terríveis porque inventaram
o canhão. Foram os portugueses que forneceram arma de fogo aos japoneses, que
assim puderam exterminar os samurais, que só tinham arma branca, e assim o Japão
foi finalmente unificado. Se não fosse o camicase, o vento divino, que duas
vezes os salvou contra os mongóis, teriam arma de fogo muito antes.
Os maoris
exterminaram o moa, uma ave maior que o avestruz, na Nova Zelândia. A idéia de
que só o europeu é anti-ecológico é ingênua.
Os escravos não
foram caçados como bicho selvagem, como no filme Raízes, Cunta Quintê. Entre eles havia mesmo realeza, povo vencido nas
guerras tribais e vendido pelo vencedor.
Os mulatos
desprezavam os negros, se julgando superiores por ter cruza com o branco. Isso é
fato. Mais ingenuidade.
Não é verdade
que os índios não se deixavam escravizar, e que o negro é que era submisso. Os índios
não tinham imunidade contra as doenças das rotas das especiarias porque viveram
isolados durante milênios. Os negros estavam na rota, vendidos como escravos
pelos árabes, por isso tinham imunidade. Os índios morriam em massa atacados
por qualquer gripe, varíola, etc., por isso não compensava escravizar.
Tendemos a nos
acomodar com nossas opiniões, porque é incômodo fazer muita analogia, comparar
muitas hipóteses. A maioria se acomoda naquela velha opinião formada sobre
tudo, quando é muito mais divertido e interessante manter uma espécie de opinião
virtual, de rascunho, uma metamorfose ambulante.
Assim se fica
com aquela surrada idéia, tipo aquelas bobocas da marcha das vadias, com o chavão
do homem como agressor, quando se sabe que tem muito homem que apanha da
mulher. Já vi caso de mulher que larga o casamento e vira sapatão, vai morar
com outra e dessa outra vive apanhando. E ninguém fala sobre isso, porque quem
bate tem que ser o homem e fim-de-papo!
terça-feira, 27 de maio de 2014
O
pato Donald 0323.cbr
Extraído de
Extraído de
O enredo da aventura
de tio Patinhas, A grande corrida de
barco a vapor, foi tirado da novela A
vitória é dos que ousam, de Downing e Daniel Moore, publicado neste número
de X-9, já postado aqui:
X-9
172, novembro 1948 (1ª quinzena)
(Que capa mais fantasiosa. Um tigre real saltaria sobre
ele, que nem teria tempo de perceber o que aconteceu)
É só ler e comparar
domingo, 25 de maio de 2014
O rei está nu 2
Nem quando
criança gostei de 007, o tal Djeimes Bonde, que está mais pra Brigite Montfort
ou Gisela, a espiã nua que abalou Paris, que pra Poe. Mais insípido que doutor
Espoque de Jornada nas estrelas, sem
humor e enredo muito pobre. Tudo só gira em torno duma série de aparatos
espionescos espalhafatosos e do mocinho ir catando uma série de mulher bonita,
nunca sendo rejeitado nem cometendo gafe. Mas o autor, Ian Fleming, sempre teve
a fama de autor medíocre, sem talento. Comecei a ler um livro seu, Cidades fascinantes - Os lugares mais
famosos do mundo descritos pelo criador de James Bond, falando sobre as
cidades que conheceu: Roncongue, Macau, Tóquio, Honolulu, Losângeles e
Lasvegas, Chicago, Nova Iorque, Hamburgo, Berlim, Viena, Genebra, Nápoles,
Monte-Carlo (não tem Rio de Janeiro!). O que imaginei que seria leitura
fascinante foi tremenda chatice. Comecei o primeiro capítulo, Roncongue, e
parei ali mesmo. Mais parece um folheto turístico descartável, de interesse
restrito ao turista da época, e olhe lá! Fico imaginando como um autor assim
fica entre os grandes como se fosse grande também. Não passa dum autor
descartável que há muito deveria estar no olvido, junto com seu miserável 007,
duplo zero à esquerda.
Outra chatice,
que não entendo como pôde ser iconizada, é a tal Elis Regina. A voz já não é lá
grande beleza, ainda tem a mania de dar tranco no meio da canção, como se
brincando embaixo do chuveiro. Vá ser cantora chata assim lá no Inferno! Está a
anos-luz de distância de Clara Nunes ou de Benito de Paula. Esses sim,
verdadeiros ícones.
Dos baianos
Gil, Veloso, Bethania, Gal, etc, se nada são hoje, tiveram sua época, como
Roberto Carlos e Renato Aragão, que justificam o pedestal pelo que produziram
no passado, embora hoje sejam um obstáculo aos novos talentos encontrarem seu
lugar ao sol.
Não me lembro
em qual programa vi sobre a vida de Xitãozinho
& Xororó, que se criaram ouvindo as músicas num rádio a pilha, com
sintonia tão ruim, cheia de chiado. Sabemos que nosso falar é interativo, por
isso se adquire sotaque e por isso os surdos falam daquele jeito trôpego.
Decerto é por isso que essa dupla canta tão desafinado, tão dissonante. Sempre
tive ojeriza daquelas canções ditas sertanejas que tocava no rádio às 6h da
manhã. Aquele estereótipo de vozes a toda garganta me irrita. Música caipira
não é assim. Se canta com voz normal. Podes constatar, aquele aaaaaaaaaaaaaa de
garganta, tão comum nas canções mexicanas e paraguaias, é suave, harmônico,
agradável. Nas sertanejas parece mais grito de filme de terror.
Outro
estereótipo insuportável é o da cantora baiana com voz turbinada, potente.
Parece que agora só é aceita a cantora com voz assim. Toda vez que aparecia
Daniela Mercury eu tinha de mudar de canal correndo ou sair correndo.
Eu ouvia o pessoal
falar embasbacado sobre Michael Jackson. Tinha inegável talento pra fazer
aquela dança difícil. Tudo bem: Pode ser um ás da dança ou criador dum gênero
novo de dança mas o fato é que a música me irritava, de tão desarmônica. Não
falarei da letra, porque nunca analisei, mas a música...
Nem falarei
sobre Madonna, Spears e outras tantas, tão abaixo da crítica, puro lixo.
Ney Mato
Grosso tinha letras boas mas a voz em falsete era também irritante, de modo que
ouvir um pouco e já parar, tamanho desconforto.
No auge de Mamonas assassinas minha sobrinha era
criancinha e fã número 1 do grupo. Eu tinha ojeriza. Mas eis que abri um cedê
onde tinha um míni-encadernado com as letras. Li a letra do vira-vira português
e disse:
— Mas isto é
uma sátira. Uma sátira de primeira! Eu colocaria este texto nas melhores
antologias literárias de humorismo e sátira, sem pestanejar.
Então entendi
que eu instintivamente enquadrava o grupo como cantores. Não eram, e sim uma
mescla, uma composição. Era um teatro burlesco cantante e dançante. Como a
capoeira, que é dança e luta. Um apreciador de balé ao ver a capoeira em
primeira vez ficaria perplexo tentando enquadrar aquilo. Um carateca idem.
Mais ou menos
isso aconteceu com o Tchã, um dos
grupos mais criativos que já apareceram. Se não soube ou não pôde se manter, ou
se caiu na mesmice, é outra história. Infelizmente todas as críticas que vi
eram de cunho moralista. Nunca vi enfocar a crítica na própria arte. O Tchã do auge necessita uma reavaliação
menos puritana.
Minha sobrinha
um pouco maiorzinha. Apareceu a mãe, contando que no colégio tocariam o tal do Carrapicho. Era o grupo que estava
entrando na moda cantando as toadas do boi-bumbá de Parintins. Quando cheguei
até lá ouvi uma música dissonante, irritante. Não entrei. Meia -volta e voltei
até casa.
— Isso é o tal
do Carrapicho!?
Cerca de 1996.
Havia alguns anos acompanhava os festivais de Parintins transmitidos pelo
Amazonsat, acostumado com aquela beleza que foi até 1997, quando começou a
decair, achei intragável, ou melhor, inaudível aquele arremedo de toada-de-boi.
Vi que o Carrapicho fez o mesmo com a
toada-de-boi do Amazonas o que o Calypso
fez com o carimbó e outros ritmos paraenses: Transformou num produto comercial
insosso, sintético, artificial. É como comparar champanhe com coca-cola.
sábado, 24 de maio de 2014
quinta-feira, 22 de maio de 2014
terça-feira, 20 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Página 115 de Tarzan, de Burne Hogarth, já postado
aqui
Comentário de Rekern
12.05.2014, 17:51
Se não me engano, nos livros do Edgar Rice
Burroughs não se fala em gorila mas grandes macacos. Mas o universo do escritor
é confuso. Nunca visitara a África antes de escrever os livros do homem-macaco.
Nos desenhos do H. Foster também não aparecem gorilas. E o desenho que aparece
ilustrando teu texto é do Joe Kubert.
Sou leitor assíduo de teu blog
Obrigado, Rekern.
Que me
corrijam se eu estiver errado. Numa pesquisa superficial com palavra-chave grandes macacos não encontrei macaco (ou
o que seja, porque cientificamente chimpanzé, gorila e bonobo não são macacos)
daquele tamanho além do gorila e do orangotango. O orangotango fica excluído
porque além de ser pardo é do arquipélago malaio, muito longe da África. Só se
encaixa mesmo o gorila. Esses dos quadrinhos mais parecem um iéti, pé-grande ou
dos tantos outros sucedâneos misteriosos espalhados no mundo. Mais parecem demônios
que grandes macacos.
Segundo o
comentário de Dani, em
O termo chimpanzé se aplica aos
primatas do gênero Pan, da família dos pongídeos, com duas espécies conhecidas:
Os chimpanzés-comuns (Pan troglodytes)
e os bonobos (Pan paniscus).
Macaco, no sentido lato, é a designação
comum a todas as espécies de símios ou primatas antropóides, aplicada no
Brasil, restritivamente, aos cebídeos (ou macacos do novo mundo) em geral.
E essa, no
gibi, de lutar com um grande macaco. É muita fantasia. Um chimpanzé já tem
força pra arrancar o braço duma pessoa, imagines um gorila!
quarta-feira, 14 de maio de 2014
terça-feira, 13 de maio de 2014
segunda-feira, 12 de maio de 2014
O rei está nu
Figura retirada de
Como no
magistral conto folclórico, O rei está nu,
vivemos na literatura, arte, no mundo das celebridades em geral, essa situação,
onde uma obra e seu autor são considerados um clássico e cada indivíduo percebe
a fraude mas como se julga rodeado de tantos hipnoticamente embasbacados, se
deixa intimidar finge que comunga a mesma crença. E assim a situação se
perpetua, nunca aparecendo alguém que diga O rei está nu!
Não são os
bestséleres, lixos como 50 tons de cinza,
coisa que só gente desinformada e equivocada cogita ler, que abordarei.
Também não é
hora de falar dos paulocoelhos da vida.
Em vez de
falar sobre meus autores e obras prediletos farei o oposto: Falarei sobre os
que não gosto.
Já falei sobre
o vício de confundir crônica com conto (e de que o conto é a mais alta forma de
expressão literária) no artigo Crônica
não é conto, http://www.gargantadaserpente.com/artigos/mariojorge.shtml,
vício freqüente naquelas grossas antologias intituladas Os cem melhores contos de...
Machado de
Assis, somente os contos, maravilhosos, onde é mestre incontestável, à altura
dos melhores do mundo. Seja conto longo ou noveleta, O alienista é uma obra-prima.
É
impressionante o número de mediocridades elevado ao grau de clássico, adotado
como livro estudantil e forçadamente tratado como obra-prima. Tanto que dá a
entender não coincidência mas um plano sutil pra desestimular a leitura.
Na volta de
Santiago tive longa espera na conexão em Guarulhos. Percorrendo, na madrugada,
uma livraria no aeroporto, fiquei espantado de no meio de tantos livros nenhum
ser atraente. É por isso que não freqüento livraria de novo, só sebo. É
deprimente ver que quase só tem porcaria.
E tanto alarde
por uma tal série televisiva True
detective. Pois é: Hoje se tem preguiça de traduzir até o título! Aquilo é
série detetivesca? Um enredo rastejante, alongado, tão ruim quanto Lost (Diz que premiada!). E pesado,
macabro em todos os detalhes, com tripas de fora e tudo. Como em Lost, que não é uma série mas
experiência interativa, os roteiristas não sabem o que fazer com o enredo, e
vão enchendo lingüiça. Caí fora dessa chatice. Meu cérebro não é lixeira, pra
perder tempo vendo essa porcaria.
Como a obra de
Pasolini, citada, por esses zumbis do reino do rei nu, como magnífica! Assim
como os livros de Norman Mailer, as obras abomináveis criadas conforme o plano
num dos itens do Protocolos.
Muito se fala
em leitura, mas a verdade é que é melhor não ler a ler porcaria. Porque quem lê
porcaria entorpece e congestiona a mente com estereótipos, com poluição
intelectual. Há analfabetos que se informam de muitas maneiras e adquirem muita
sabedoria, enquanto há muito literato burro.
Não gosto de
Oscar Wilde, pois seus contos são tão pueris que sinto estar lendo um daqueles
livros infantis bem medianos. Andersen, com seus contos supostamente infantis é
muito melhor, cuja obra-prima do conto, A
sombra, é digno das melhores antologias.
Mark Twain
também é pueril, mas já bem melhor, com enredo mais interessante, mas ainda
assim mediano.
Já Volter, um
maníaco da polêmica, cujas sátiras pesadas são rebuscadas, mais visava atacar a
sociedade do que criar arte escrita.
Recentemente
resolvi ler Uma casa assombrada, de
Virginia Woolf, que no livro diz que são contos. Mas cadê os contos? Crônicas.
Mas crônicas ruins, muito ruins! Senti raiva em perder tempo lendo essa
porcaria. Quero meu dinheiro de volta! Uma autora psicótica, que escreve apenas
impressões desordenadas que lhe vêm à cabeça. Uma tremenda chatice. Não sei
quem, como nem o motivo pôs essa autora entre os grandes autores.
Jorge Amado,
outro escritor ruim elevado ao patamar de clássico. Pode servir bem pra adaptar
pra telenovela, mas como literatura é muito fraco. Infelizmente parece que só
autor comunista têm chance de ser considerado autor clássico, assim como só
ativista político tem chance de ganhar o Nobel de literatura.
Outro autor
superestimado, certamente por motivos históricos, mas que é chato e insosso, é
José de Alencar.
Enquanto isso
Monteiro Lobato, com ou sem seu patriotismo ingênuo, vem sendo difamado por uma
elite de intelectualóides politicamente corretos fanáticos do tipo idiotas da
objetividade, num prêmio nobel ao avesso. Como Kipling, acusado de
imperialista. E assim, num insano auto-de-fé, uma camisa-de-força que prende o
literário ao ideológico.
Todo ser é
produto de seu meio, de sua época. Se todo autor tiver de se adequar a ser um
bom-menino conforme a ideologia da moda teremos de esquecer todos os autores
anteriores de há dez anos. Mais que insensatez, loucura.
Não poderemos
mais ver os filmes clássicos porque neles fumar era muito elegante. Os
ambientalistas proibirão os filmes de Tarzã, porque o herói mata leão e jacaré
a facada. E será uma lista interminável de obras censuradas.
Um pecado
imperdoável na literatura é a chatice. Quem quer documentar, que escreva
documentário, compêndio sociológico, o que seja! Mas literatura tem de ser
interessante. Se o autor não domina a arte de criar um texto saboroso, que mude
de profissão. Já se imaginou um gastrônomo que cria pratos não saborosos? Comei! Tem
gosto de sabão mas é bom prà saúde!
Guimarães
Rosa? Misericórdia! A chatice das chatices. A ruindade das ruindades. Li Primeiras histórias e só achei dois
contos que considero publicáveis. Provavelmente foram causos que alguém contou.
É a única explicação presses contos destoarem tanto do restante da obra. Se
isso é um clássico a lista telefônica também é.
Também não
gosto de Murilo Rubião, José J. Veiga, Clarice Lispector, Mário de Andrade.
Autores insossos, sem sal nem açúcar.
Enquanto ficam
esquecidos autores excelentes, como João do Rio, Inglez de Souza, João de Minas
e Gustavo Barroso.
Aqui em Mato
Grosso do Sul tem um ícone. Um tal poeta Manoel de Barros, festejado às pampas.
O repertório consiste em neologismos e trocadilhos sobre o nada e coisa
nenhuma, tanto que um dos títulos é Livro
sobre nada. Vede que seu trabalho é comparado a Guimarães Rosa. Mais um
comunista premiado.
Me lembro da
decepção que tive ao ler Mário Quintana. Autor de belos chavões, mas que poeta
chato!
Infelizmente o
mecanismo desses endeusamentos não é premiar o mérito mas a primeva e simiesca
necessidade dum herói. Tá tudo mais pra torcida de futebol que pra
intelectualidade. Por isso essa profusão de roques santeiros. É um fenômeno
muito mais religioso que cultural. O que se poderia esperar desta humanidade de
zumbis.
Eu tinha na
cabeça Brian Aldiss como um dos bons da ficção-científica mas ao ler Los superjuguetes duran todo el verano y
otras historias del futuro fiquei decepcionado. Muito fraco, inspiração
forçada, insosso.
Uma tese disse
que Cheiquespir apenas re-redigia os contos alheios. Mas isso é notório. Não se
sabe se existiu esse autor, se é um amálgama de vários autores ou um pseudônimo
de Marlowe. Então pra quê endeusar esse cristo, esse rei-artur da literatura? No
que consiste se considerar autor tão excelente assim. Não sei. Talvez
propaganda imperial britânica. Sua virtude consistia em pegar belos contos toscamente
narrados e os reescrever, os lapidando, dando um trato literário. Não é
exatamente um autor mas um re-redator. É outro gênero, outra profissão. É como
confundir um fabricante ou inventor cum reciclador. Como dizem dos japoneses,
que não inventam mas que aperfeiçoam os inventos. No mais só vejo um bom autor,
nada tão genial assim como dizem. O que pensar dum autor que escreva algo tão
boboca e pueril como Sonho duma noite de
verão? Eu teria vergonha de escrever aquilo. Bom... Demos um desconto à
mentalidade da época. Cervantes e Gustavo Adolfo Bécquer são bem melhores.
Não é com
autores chatos que a escola conseguirá formar leitores. Está fazendo justamente
o contrário. Está criando ojeriza à leitura. Adotar livros piegas e melosos
como Meu pé de laranja-lima, ou de
enredo tristonho e pesado prá idade, como Clarissa,
Música ao longe, Dom Casmurro, é um suicídio. Crianças de 12 anos serem obrigadas a
lerem essas obras e fazer resumo. Misericórdia!
Discutindo com
Denílson, o do projeto Lovecraft, sobre filme bom, cheguei à seguinte conclusão:
O conceito de bom é relativo. Como
contista, quando vejo um filme meu enfoque é no enredo. Me cansa um
longa-metragem que enche lingüiça, que estica até 2 horas um enredo que cabe em
20 minutos. Outras pessoas apreciam, respectivamente, a fotografia, a qualidade
da imagem, o desempenho dos atores, nos erros de continuidade, no figurino,
iluminação. Alguém pode considerar ruim porque o enredo é inverossímil, outro
porque o enfoque psicológico foi desperdiçado. Cada um julgará conforme sua
formação, gosto, cultura, condição psicológica,idade, sexo. A mesma pessoa, em
momentos diferentes da vida, sob diferente estado psicológico, fará julgamento
diferente do mesmo filme. O adolescente dirá que é filme ruim porque não tem
mulher pelada, a adolescente porque não tem um caso de amor no enredo...
Mas há
critérios fixos pra se julgar um enredo, seja filme, conto escrito, quadrinho.
Não é a o
veículo do enredo o que determina a qualidade. Não é ser texto escrito o que o
torna obra maior. É a dinâmica que o determina. Uma obra-prima pode ser criada
em texto escrito, quadrinho, fotonovela, teatro ou poema. A pessoa
intelectualmente bem formada navega nesses meios com a mesma naturalidade.
Existem obras menores mas não gênero menor.
Assim como não
são as pessoas feias e de voz desagradável sempre más, sempre o vilão, não é
pela roupa que alguém é mais ou menos digno, nem porque faz estripe quer dizer
que é prostituta. Os contos infantis nos condicionam a simplificar as coisas
demais assim mas a realidade não é tão simples.
Vejamos uns
itens pra qualificar um texto:
● Um texto
literário tem de ser saboroso, dar prazer de ler. Por isso maturidade é
essencial. Se retrata fato real, os imprescindíveis itens que o sobrecarregam
devem ser postos noutro texto, que seja um documentário pra quem quiser
pesquisar informação objetiva. Se um texto literário não é saboroso, o autor
fracassou.
É válido e
divertido apontar o inverossímil na ficção, mas não podemos exigir que seja
verossímil demais, porque perderia o sabor, e tudo o que é correto demais é
muito chato. Quando alguém reclama que na telenovela acontecem coisas muito
fantasiosas, com a célebre frase Só em novela, mesmo!, eu diria: Então não é
novela o que procuras, e sim um documentário.
● Tem de ser
conciso, coerente, enxuto.
● Uma obra de
qualidade nos faz pensar, é inspiradora, dá vontade de a recriar, ver como
ficaria com outra abordagem ou fazer uma continuação. Quem nunca sentiu aquele
gostinho de Por que não tive a idéia de
escrever isto?
● Um enredo de
qualidade traz idéia e informação. A forma como o autor monta o enredo,
encaixando idéias, seqüências e conseqüências, é como um jogo de xadrez ou um
programa de computador, onde a eficácia é maximizada e o supérfluo excluído. É
por isso que o conto é um gênero tão difícil.
● Uma obra
nunca está acabada enquanto o autor estiver vivo. O bom autor lapida, apara as
arestas, retoca sempre que surge uma nova idéia, mesmo prum texto antigo. Á! Esta idéia
é ótima pra encaixar naquele texto...
Requisitos
ausentes nos pseudoclássicos.
Quando criança
tinha de ler Dom Casmurro, Música ao longe, etc, e resumir! Não tinha
maturidade pra entender aqueles enredos que eram uma tristeza profunda, mas
tinha de resumir. Então enchi um caderno com fingido resumo e, claro, a
professora nem leu, passou batido. Como um professor exige algo que depois não
poderá verificar se foi feito? E os livros eram impostos. Não se discutia. Era
comprar o livro e, pronto! Mas como? Por que todos lerem o mesmo? Não poderia haver
troca de experiência? Opção de se emprestar um numa biblioteca, etc. Tantas
formas inteligentes de se adotar uma leitura, mas não: Aquela coisa rígida,
brutal.
Depois
adotaram um exatamente o oposto: Tão bobo, que causou ojeriza. A sorte foi
terem adotado O homem que calculava,
de Malba Tahan. Foi o que me salvou.
Só falta
aparecer um fanático religioso ou anti-religioso que tente relegar Malba ao
olvido. Não duvido.
sábado, 10 de maio de 2014
quarta-feira, 7 de maio de 2014
terça-feira, 6 de maio de 2014
A língua esculhambada
Completar os espaços com o termo adequado
João combinou com a irmã ___
telefone logo que chegou ___ manhã mas demorou pouco porque tinha de ir ___
casa de sua irmã ___ 8h. Foi ___ avenida Mascarenhas, onde tinha um posto com
gasolina reduzida ___ metade do preço. Deu muita volta procurando ___ posto.
Chegando ___ lá bateu palma e ficou esperando ___ irmã. Então perguntou ___ tia
Celina. No caminho viram muito lixo espalhado ___ calçada, ___ lixeiros em
greve.
Questão preenchida um estudante nota 10:
João combinou com a irmã via telefone logo que chegou na manhã mas demorou pouco
porque tinha de ir à casa de
sua irmã às 8h. Foi na avenida Mascarenhas, onde
tinha um posto com gasolina reduzida à
metade do preço. Deu muita volta procurando o posto. Chegando até
lá bateu palma e ficou esperando a
irmã. Então perguntou sobre tia Celina. No caminho viram muito lixo espalhado na calçada, pelos lixeiros em greve.
Resposta pelum jornalista:
João combinou com a irmã pelo telefone logo que chegou pela manhã mas demorou pouco
porque tinha de ir para a
casa de sua irmã pelas 8h.
Foi pela avenida Mascarenhas,
onde tinha um posto com gasolina reduzida pela
metade do preço. Deu muita volta procurando pelo posto. Chegando por
lá bateu palma e ficou esperando pela
irmã. Então perguntou pela
tia Celina. No caminho viram muito lixo espalhado pela calçada, pelos
lixeiros em greve.
A notícia de
que havia muito lixo espalhado pela
cidade. Mas não foi dito que o lixo foi espalhado pelo furacão?
Usar um termo
no lugar de outro, só porque parece chique é burrice, causa ambigüidade.
Qual o certo?:
Lava-jato, lava jato, lavajato?
Melhor que se adote lavajato, já que
ninguém quer raciocinar.
Lava-jato seria onde se lava
avião-a-jato
Lava jato, assim separado, não é
denominação dum termo próprio, que pra isso levaria hífen.
Raciocinando:
É um lugar onde carro é levado pra ser lavado. Jato porque se usa jato de água, e também porque se lava
rapidamente, a metáfora ir a jato, ir rapidamente. O vocábulo se encaixa
nas duas acepções.
Portanto o
vocábulo correto é o que ninguém usa: Lava-a-jato.
Como usar o ;
O
ponto-e-vírgula é aquele ponto bem feinho, anti-estético, quase supérfluo, mas
que o pessoal tenta encaixar dalguma maneira, como se fosse um desperdício não
usar.
Em todo texto
vejo essa coisa como vício de linguagem. Aparece quando deveria ser ponto,
vírgula ou nada. Então como usar?
Tendo em conta
que devemos observar objetividade, simplicidade, concisão e estética, esse
bichinho feio só deve aparecer quando necessário. E é rara essa necessidade.
Só há uma
ocasião em que é necessário: Quando se lista itens e subitens. Nesse caso não
vai ponto porque se está na mesma frase, e não vai vírgula porque ao mudar de
item se confundirá com as vírgulas que separam os subitens. Por exemplo:
Maria tinha
três irmãs: Sofia, que era a mais velha e a mais alta; Débora, a preferida do
pai por ser alegre e inteligente; e Ana, a caçula, a borralheira da família.
Outro vício é
usar traço ou travessão pra ressaltar uma ênfase ou subfrase, sendo que o
apropriado pra isso é mesmo a vírgula. Se está usando o travessão pra marcar
diálogo, o usar pra subfrase causa ambigüidade. Idem aos parêntesis e tudo o
mais: Só usar quando necessário.
domingo, 4 de maio de 2014
2ª edição do
Loveca
Se inicia hoje oficialmente
a pré-venda da 2ª edição do livro O mundo
fantástico de H. P. Lovecraft. Abaixo todas as informações sobre aquisição
do livro, prazo, etc...
Se atingirmos bem mais de
500 unidades poderemos imprimir em capa dura, usar hot stamping, etc!
Fiz um esquema legal para
favorecer quem quiser comprar mais de um livro!
Neste imeio seguem anexos fotos e um arquivo texto como material
promocional em que peço ajuda dos senhores em divulgar, seja em emails,
facebook, whatsapp, twitter, etc...
Início da pré-venda da 2ª edição do livro
O mundo fantástico de H. P.
Lovecraft
(O
livro só em pré-venda)
Há 10 anos o sítio www.sitelovecraft.com/ divulga a vida e obra dum dos maiores escritores de ficção e
horror de todos os tempos: H. P. Lovecraft (1890-1937). Através duma excelente
equipe, o sítio organizou e traduziu a maior e melhor reunião de obras de Lovecraft em nosso idioma, o livro O mundo fantástico de H.P. Lovecraft, antologia
de conto, poesia e ensaio. A obra teve a expectativa de venda superada, se esgotando
rapidamente a 1ª edição. Como o sucesso foi grande disponibilizamos a 2ª edição
melhorada. O livro é independente e por isso é vendido apenas através de
pré-venda, pois precisamos de recursos pra impressão. O preço sugerido é de R$
69,00 (envio gratuito), com formato grande (16x23cm) em papel pólen, além de
fotos, biografia, introdução, prefácio e posfácio e mais de 300 páginas.
Prefácio:
Quando as estrelas se alinharem
Introdução:
Uma longa jornada
Biografia
de H. P. Lovecraft: O homem que escrevia sonho
Notas à 2ª
edição
O chamado
de Cthulhu
O festival
A história
do Necronomicão
A cidade
sem nome
O descendente
Sonhos na casa
da bruxa
O horror de
Dunwich
A busca de
Iranon
O forasteiro
O inominável
A sombra em
Innsmouth
O sabujo
Um sussurro
na escuridão
O depoimento
de Randolph Carter
O habitante
da treva
- Apêndice
Notas quanto
a escrever ficção fantástica
Uma elegia
a doutor Franklin Chase Clark
O jardim
A rosa da
Inglaterra
Os fungos
de Yuggoth
Carta de H.
P. Lovecraft a Robert E. Howard
Frases de
H. P. Lovecraft
Posfácio:
Um passado sublime
Tabela de
valor
(quanto
mais livros adquiridos, maior é o desconto progressivo)
Quantidade
|
Valor com frete grátis a todo Brasil
|
1 livro
|
R$ 69
|
2 livros
|
R$ 126 [desconto de R$12]
|
3 livros
|
R$ 179 [desconto de R$28]
|
4 livros
|
R$ 229 [desconto de R$47]
|
5 livros
|
R$ 289 [desconto de R$56]
|
Os pagamentos ocorrerão até 20 junho.
Resolvemos dar uma prazo maior, uma vez que não utilizamos outros sistemas, que
encarecem o custo final, como é o caso de PayPal
Contas para
depósito/transferências/ bankline ou doc (depósito interbancário):
BANCO DO BRASIL ou BANCO POSTAL DOS
CORREIOS
Agência: 6519-6
Conta Poupança: 30.548-0 variação:
51
Favorecido: Aparecida Rondina
Carareto (cta de minha mãe)
CPF: 544.443.148-34
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ou LOTÉRICAS
Agência: 2209
Código operação: 013 (poupança)
Nº da conta: 00051156-4
Favorecido: Aparecida Rondina Carareto
(cta de minha mãe)
CPF: 544.443.148-34
Se possível, deposite alguns centavos
a teu critério, para facilitar a identificação do depósito. Exemplos: R$69,13;
R$179,75, etc…). Após efetuar o depósito guarde o comprovante que é tua
garantia!
O QUE FAZER APÓS O PAGAMENTO?
Envie um email para de3103@yahoo.com.br com o comprovante em anexo (melhor),
na impossibilidade disso, diga o dia e o valor exato que você fez o depósito e
em qual dos bancos… Nesse mesmo email também copie e cole a planilha abaixo
(preferencialmente), só que preenchida com seus dados:
Destinatário:
|
Nome
e Sobrenome do Comprador
|
Logradouro/nº+compl.
|
Rua
da Independência, 2354 – Condomínio Serra, bloco D, ap. 33
|
Bairro/Vila/Jardim
|
Centro
|
Referência
|
Do
lado do Bar do Zé
|
Cidade-UF
|
Panorama-SP
|
CEP
|
11111-111
|
Email para contato
|
Pra saber
mais sobre o livro:
Reviews:
Podcasts:
Fanpage
sítio
Ajudes na divulgação. Quanto mais
livros (principalmente se passarmos bem a meta de 500 unidades), maior a probabilidade
de dar melhor acabamento no livro, mesmo em capa dura. Nossa seriedade e
credibilidade com a primeira edição do livro é nosso maior valor.
Grande abraço
Denilson E. Ricci
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