terça-feira, 25 de abril de 2017

Enviado por Márcio Rodrigues

● Não é verdade o que afirmam alguns iutubeiros de geopolítica, de que Eua estaria protegido contra mísseis russos, chineses e norte-coreanos pela imensidão do Pacífico. Pra atacar Eua e vice-versa, por exemplo a Rússia não precisaria lançar mísseis atravessando oceano e sim via pólo norte. Ali ambos países estão bem perto.
É incrível como o pessoal comentando ou redator que supostamente entende de geopolítica aventa que a Coréia do Norte guerrearia sozinha contra os amariconas. Então na hipótese do poderio ianque se fortalecer na região, Rússia e China pagariam pra ver? Nem eu, leigo, pensaria isso. Tem de pôr um chapéu cônico nesses comentadores, ou melhor, palpiteiros, e escrever Burro.
● As acusações dos amariconas, de o governo sírio executar ataque químico lançado por avião é óbvia mentira. Armas químicas se lançam através de obus, nunca de avião.
● Outro equívoco recorrente é a idéia de usar bomba atômica pra destruir planetóide em rota de colisão contra a Terra. Já vi comentário comparando o poder explosivo de bomba nuclear, o que não é muito apropriado. Claro que ela tem poder explosivo mas se caracteriza mais por emissão de calor do que por poder explosivo. Tanto é que as lançadas sobre o Japão explodiram a 500m de altura, pro raio de ação ser maior.
● Na moda de apontar as bobagens cinematográficas, como lenço com formol pra fazer a vítima desmaiar num instante, silenciador de arma-de-fogo cujo ruído é só soluço, corpo explodindo de astronauta solto no espaço, etc, sempre me espantou ver como as personagens afundam tão fácil em areia movediça, um dos monstros prediletos das aventuras de Tarzã. Não podemos voar porque somos mais densos que o ar mas flutuamos na água, então é claro que não afundamos na areia movediça, que é mais densa que a água.
Outro monstro recorrente em Tarzã e outros tantos é a piranha. Só há risco se sangrar na água. Em 1981 meu pai era delegado em Rio Negro, Mato Grosso do Sul, no Pantanal de Mato Grosso. Caçávamos capivara, que é um roedor que se multiplica como rato. Num fim de tarde ele de longe atirou em dois patos pretos selvagens, enormes. Caíram na água rente à margem oposta dum riacho. Calcei um tênis, por causa das arraias, e fui buscar. Um já tinha uma mordidela de piranha, na verdade pirambeba. Não fui comido, restando só meu esqueleto, como nos filmes.
● Ramão e Emiliana foram a Foz do Iguaçu. Continuam reclamando da carne malpassada e mal temperada, mesmo no lado de cá. Mas reconhece que a carne aqui é apenas malpassada. Que na Argentina não. Que lá é cru mesmo. Disse que no lado argentino o pessoal é bem mais afável que em Buenos Aires. Que o pessoal do lado paraguaio é muito mais legal que o do lado brasileiro. Exceto a alfândega de lá. De lá a cá é tudo livre. De cá a lá é a síndrome de estados-unidos. A maior cidade na tríplice fronteira é a brasileira Foz do Iguaçu, seguida da paraguaia Cidade Leste, e da argentina Porto Iguaçu. Que o responsável pela estrutura turística na catarata foi Santos Dumont, quem lutou por isso. Que o concreto na construção de Itaipu foi de qualidade máxima. Os grandes blocos eram levados prontos, em molde. Se formasse bolha era reprovado pelo controle de qualidade.
Vale lembrar que foi a época do governo militar. Hoje, em nossa desmazelada capital dos buracos, um convênio com o Exército, pra recuperar as ruas. Diz que o Exército reprovou a qualidade do material fornecido pela empresa tapa-buraco, se é que existe tal empresa.
É bom acabar logo com o mito de que privatizar é bom e que o estado é sempre incompetente, plantado pela imprensa, internacionalista e anti-patriótica, contrária aos interesses da nação.



O pessoal que usar palavra em inglês e imita os amariconas, por quê não imita o Niágara, descendo a catarata do Iguaçu em barril?
Um mentiroso contando ao outro:
— Fui passear na tríplice fronteira: Brasil, Paraguai e Argentina.
— E eu na quádrupla: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.

● Já pensaste o quão fácil é uma mentira ou texto de ficção adquirir ar de grande mistério da história? Tão fácil quanto um evento real incômodo ser relegado ao reino da fantasia. É muito mais freqüente do que se imagina.
Eis um artigo sobre o mistério do Orang Medan, homem de Medã, em malaio, como orangotango, orang hutan, significa homem da floresta:
 1900–1949
O mito do navio-fantasma Orang Medan, 1940
 ESTELLE, 29.12.2015
A história do navio-fantasma o Orang medan nunca foi tão famosa quanto a do Maria celeste, apesar dos detalhes serem mais horríveis. Toda a tripulação, inclusive o cão do navio, foi encontrada morta com a boca aberta e os olhos arregalados, sem vestígio da causa, apenas algumas mensagens desesperadas de esseoesse enviadas durante a tragédia. É um mistério multifacetado. Muito tempo foi gasto tentando desvendar o quê acontecera a bordo através das muitas e cada vez mais fantasiosas teorias, mas há uma grande escola de pensamento que diz que a história é pura ficção.
Nada foi provado conclusivamente, exceto…
Acho que encontrei algumas evidências que mudarão essa história definitivamente e que minha nova informação prova que é apenas invenção moderna, lenda urbana ou seu equivalente náutico.
Há muitos blogues interessantes detalhando o que se sabe sobre o caso. Ou melhor, o que não se sabe, como Seeks ghosts, MB Forde’s e outros. Há muitos detalhes diferentes e especulação. Então contarei o caso como consta na Wikipédia.
A estória apareceu em primeira vez no jornal holandês-indonésio De locomotief: Samarangsch handels- en advertentie-blad (A locomotiva: Folha de comércio e notícia samaranguense) em capítulos entre 3 e 28 de fevereiro de 1948. Resumindo:
Nalguma data cerca de junho de 1947 uma mensagem de SOS em código-morse foi enviada pelo navio cargueiro holandês Orang Medan em perigo numa posição 400 milhas náuticas (732,8km) a sudeste das ilhas Marxal, no oceano Pacífico. A mensagem era enigmática e arrepiante. Recebida pelos navios ianques Cidade de Baltimor e Estrela de prata, a primeira mensagem SOS do Orang Medan * * * flutuamos. Todos os oficiais, inclusive o capitão, mortos na sala-de-rádio e na ponte. Provavelmente toda a tripulação morta * * * seguida de rabiscos em morse. E então a segunda e última mensagem, enviada por um operador de rádio condenado: Morri.
O Estrela de prata localizou o Orang Medan e tripulação a bordo do navio, que parecia não ter sofrido dano. Encontraram a tripulação morta cum tripulante e todos os cadáveres de passageiros nas partes traseiras da maneira acima mencionada: Olhos arregalados e boca aberta como gritando, fitando como horríveis caricaturas de si. A tripulação do Estrela de prata nada encontrou pra explicar a situação e pretendia conectar o navio pra o rebocar ao porto mais próximo. Mas antes disso se incendiou um porão de carga e os pretensos salvadores foram evacuados de volta. Pouco tempo depois viram o Orang Medan explodir e afundar. Nunca mais foi visto.
Posteriores versões da estória concluem que o encontro foi na verdade de fevereiro de 1948 e que a posição do navio-fantasma em vez disso foi no estreito de Malaca, em água indonésia. O relato aparentemente se originou dum grupo alemão sobrevivente do Orang Medan, que nadou ao atol de Toangi, nas ilhas Marxal e lá contou a estória a um missionário, que contou a Sílvio Scherli de Trieste, Itália, quem foi a fonte da estória ao jornal holandês. A razão pela qual o membro da tripulação fez mistério foi que o navio levava uma carga ilegal de ácido sulfúrico. Gases escapando dos recipientes quebrados intoxicaram a tripulação. Há muitas outras teorias sobre a natureza da outra carga secreta, em vez disso não sendo muito tempo após o fim da segunda guerra mundial, uma carga de gás tóxico foi sugerida.
Mas existem alguns problemas com a estória: Não há registro oficial dum navio chamado Orang Medan e, apesar de que o Estrela de prata existia, em 1948 foi renomeado SS Santa Cecília e mais freqüentemente era visto ao longo do Brasil em vez de no estreito de Malaca.
Após os artigos holandeses de 1948 apareceu a mais antiga referência em inglês conhecida sobre a estória, publicada pela guarda costeira ianque, na edição de maio de 1952, da pesquisa do conselho da marinha mercante. O narrador original, Silvio Scherli, também aparentemente escreveu um relato sobre o assunto pro Trieste export trade, publicado em 28 de setembro de 1959:
A mais antiga referência conhecida em inglês sobre o navio e o incidente está na edição de maio de 1952 do processo do conselho de marinha mercante, publicado pela guarda costeira ianque. A palavra orang (também grafada ourang) é malaia, homem ou pessoa, sendo Medã a maior cidade da ilha indonésia de Sumatra, dando uma tradução aproximada a Homem de Medã. Relatos sobre o acidente do navio apareceram em vários livros e revistas, principalmente em Forteana. Mas a exatidão factual e a existência do navio não foram confirmadas, e detalhes arquitetônicos e históricos do navio permanecem desconhecidos. A busca a registro oficial ou registro de investigação sobre o acidente foram mal sucedidos.
A primeira aparição da estória foi numa série de três artigos no jornal holandês-indonésio De locomotief: Samarangsch handels-pt advertentie-blad, 3 de fevereiro, 28 de fevereiro e 13 de março de 1948. A estória é basicamente a mesma das versões posteriores mas com diferenças significativas. O nome do navio que encontrou o Orang Medan nunca é mencionado mas o local do encontro é descrito como 400 milhas náuticas (740km, 460 milhas) a sudeste das ilhas Marxal. O segundo e o terceiro artigos descrevem a experiência do único sobrevivente da tripulação do Orang Medan, que foi encontrado por um missionário e nativos no atol de Toangi (sic!) nas ilhas Marxal. Antes de morrer o homem disse ao missionário que o navio levava uma carga mal ajeitada de ácido sulfúrico e que a maioria da tripulação morreu por causa do gás venenoso escapando dos recipientes quebrados. De acordo com a história, o Orang Medan foi velejando dum pequeno porto chinês anônimo à Costa Rica, deliberadamente evitando as autoridades. O sobrevivente, um alemão anônimo, morreu depois de contar a estória ao missionário, que contou a história ao autor, Silvio Scherli, de Trieste, Itália. O jornal holandês concluiu cum aviso de isenção:
Esta é a última parte de nosso relato sobre o mistério do Orang Medan. Devemos repetir que não temos outros dados sobre esse mistério marítimo nem podemos responder às muitas perguntas do relato. Pode parecer óbvio ser um emocionante romance marítimo mas o autor, Silvio Scherli, garantiu a autenticidade.
Wikipedia, 12.2015
1952 foi a mais antiga menção conhecida sobre o caso em inglês. Ou seja: Até agora.
Se o incidente ocorreu entre 1947 e 1948, o primeiro relato foi em 1948 e a primeira menção em inglês foi em Eua em 1952, por quê encontrei artigos sobre o assunto em jornais britânicos de 1940? Escrito ao menos sete anos antes, a tragédia seria supostamente real. Peculiar, hem?
Encontrei menções em dois jornais do Reino Unido: The Yorkshire post e The Daily mirror, datando dos dias subseqüentes, em novembro de 1940. Eis:
De Yorkshire evening post, 21.11.1940:

De The daily mirror, 22.11.1940:


As páginas inteiras, pra mostrar que são de 1940:
 
Yorkshire evening post, 21.11.1940

Yorkshire Evening Post, 21.11.1940

The daily mirror, 22.11.1940

The daily mirror, 22.11.1940

Esses artigos estão disponíveis no infinitamente fascinante arquivo do jornal britânico (British newspaper archive).
Os detalhes em ambos relatos são os mesmos, embora mais extenso em The Yorkshire post. A razão é que são da mesma fonte, a Associated press, a maior e mais antiga organização noticiosa do mundo. Se se originou lá, eu diria que deve haver muito mais jornais no mundo que a relataram em novembro de 1940.
Muitos detalhes são os mesmos da versão de 1948, com notáveis exceções. Nada há dos detalhes escabrosos do aspecto dos tripulantes falecidos, o navio é a vapor e não cargueiro, e o local foi alterado novamente. Nesse primeiro relato o navio foi encontrado a sudeste das ilhas Salomão.
Eis um mapa da área do Pacífico. Marquei as ilhas Marxal, ilhas Salomão e o estreito de Malaca:
 
Vês como estão muito longe entre si, embora a região seja reconhecida como escassamente povoada? Em 1940 foi nas ilhas Salomão, em 1948, de repente 1300 milhas (2.100km) a norte das ilhas Marxal, e finalmente a 4000 milhas (6.400km) mais a oeste no estreito de Malaca. Acho que seria difícil se enganar assim quanto a onde a nave foi encontrada.
Significativamente, as mensagens de esseoesse são marcadamente diferentes. Isso é muito interessante.
O primeiro disse SOS de navio a vapor Orang Medan. Favor navios com rádio de onda curta chamar um médico. Urgente. O segundo Provável segundo oficial morto. Outros membros também mortos. Desconsiderar a consulta médica. SOS assistência urgente a navio guerreiro. O artigo disse que o navio então informou sua posição e terminou com a incompleta mensagem final A tripulação tem…
Suponho supérfluo mencionar navios guerreiros na seguinte expansão da estória, no pós-guerra, 1948.
Outra diferença notável é que a história disse vir diretamente dum oficial de marinha mercante da nave resgatante. Não é um fracassado sobrevivente do navio afundado relatando a um missionário. A nave resgante não foi nomeada aqui nem na versão de 1948. O detalhe do Estrela prata depois foi jogado a baixo do tapete em sua passagem de relato jornalístico a lenda.
Mas, e acho que é o cerne da estória, temos o mesmo detalhe que as informações vindas de Trieste e também datadas naquela manhã de quinta-feira. Com outras palavras: No mesmo dia apareceu no jornal da tarde.
Trieste é o elo fundamental. Portanto podemos assumir que Silvio Scherli, de Trieste é a mesma pessoa envolvida nessa estória e na versão posterior. Se foi a fonte da estória de 1940 não há como sinceramente relatar o caso em 1948 o descrevendo como novo incidente. Haveria outra fonte da estória em Trieste em 1940? Talvez alguém que contou a Silvio? Se a estória nasceu na Indonésia as fontes seriam numerosas. Mas Trieste parece muito específica e distante demais pra ter muitas testemunhas ou outras pessoas que conheciam a longínqua estória. Arquivos da Associated press ou outros artigos de jornal que floresceram de seus relatos podem ser a chave.
O Locomotiva afirmou claramente que a totalidade de sua informação veio de Scherli, que terminou sua série cum muito cético É a última parte de nosso relato sobre o mistério do Orang Medan. Repetimos: Não temos outros dados sobre esse mistério marítimo nem podemos responder às muitas perguntas sobre o caso. Pode parecer óbvio ser um emocionante romance marítimo mas o autor, Silvio Scherli, garantiu a autenticidade do relato.
Cheira a quê? Um caixão quebrado de ácido sulfúrico ou alguém com fogo na roupa?
Parece uma teoria provável que esse romance marítimo começou e terminou com Silvio Scherli. Mas se lhe aprazia embelezar a estória, com o passar dos anos adicionou olhos esbugalhados e bocas escancaradas, e mudou a localização. Orang Medan é traduzido a Homem de Medã em malaio, talvez da cidade de Medã, Indonésia, adjacente ao estreito de Malaca, tardiamente considerado local mais adequado prum navio que leva seu nome.
É uma área onde obviamente o mistério prosperaria. Na verdade as ilhas Marxal também foram propostas como o local onde Amelia Earhart fizera pouso forçado.
Minha teoria final é que Silvio não conseguiu notoriedade o bastante porque na primeira vez a notícia foi abafada pelos eventos da guerra mundial em curso. Talvez a deixou engatilhada até a guerra terminar, esperou as notícias do mundo se acalmarem e tentou novamente. Mas talvez haja ainda mais a descobrir sobre como a estória saiu do papel.
De qualquer forma, não acredites em tudo o que lês nos jornais.
Tradução de Che Guavira, de
  
À coleção Adeene neles!
 
Aurélio Buarque de Holanda - Vinicius de Moraes
  

Datena - Poroshenko
  

Guilherme Karam - Edward Yankie
  

Coleção de cartão-postal de Joanco


sábado, 15 de abril de 2017

Enviado por Márcio Rodrigues

Coleção de cartão-postal de Joanco
 
 


Drew Pearson & Jack Anderson - USA, potência de segunda-classe?
Bestséler, São Paulo, 1959
Ao leitor incauto parecerá que é assunto do momento. Mas a natureza farofeira da superprepotência de Polichinelo é realidade antiga.
E aproveito pra dar mais um exemplo da dúbia expressão era moderna, sobre o qual já falei, no texto abaixo.
Introdução
É inevitável que este livro suscite numerosas críticas.
Nos apressamos a afirmar que não o escrevemos com tal propósito em mente. Preferir o elogio ao reproche é algo muito humano. Os autores, a despeito de certas afirmações em contrário, não são desumanos. Mas estão convencidos de que o maior milagre da era moderna foi a transformação da Rússia de país subdesenvolvido ainda na fase do carro-de-boi à atual potência atômica. E embora o ianque que reconheça tal fato publicamente esteja sujeito a ser classificado de comunista pela comissão investigadora de atividade antiamericana, Eua tem de reconhecer tal fato, sob pena de ser varrido da face da Terra.
Vamos além. Temos a opinião que o ianque que se aventurar a declarar que o reconhecimento da Rússia como potência de primeira-classe pode constituir um saudável estímulo pra Eua corre o risco de ser considerado um traidor do sistema de vida ianque e admirador do sistema soviético. Pode até ser investigado pelo FBI. Mas e não quisermos nos iludir temos de admitir que há muito tempo confiamos demais, dormimos demais, negligenciamos demais. Há muito tempo pomos o interesse individual na frente do interesse nacional, o prazer na frente do dever, o conforto na frente do sacrifício, o golfe na frente das decisões, Thunderbirds na frente de foguetes, a publicidade das agências da avenida Madison na frente da verdade.
Às vezes é difícil encarar a verdade. É muito mais fácil acusar os que apontam nossas deficiências, dizendo que mentem, que faltam à verdade, que são ávidos caçadores de títulos espalhafatosos ou até que são simpatizantes comunistas, se revelam fatos desagradáveis sobre a perda de poderio e de prestígio de Eua. Mas incidimos há algum tempo precisamente nesse erro. E não só nele incidimos, tivemos medo de admitir. As vergonhosas deserções e rendições de ianques na Coréia constituíram apenas o primeiro sinal de que algo ia mal. Foram também os primeiros sintomas de que tínhamos medo de nos defrontar com o fato de havermos colocado o materialismo tão acima do patriotismo. O público ianque ainda não sabe que as chocantes confissões feitas por nossos soldados aprisionados na Coréia não foram obtidas por meio de tortura. Não sabe que os turcos, britânicos, canadenses e outros soldados que compunham as forças da ONU na Coréia não voltaram as costas a seu país como o fizeram os ianques. O público ianque não sabe que general William F Dean, comandante da 7ª divisão de infantaria, fez doze declarações diversas ao inimigo. Nunca na história de Eua tantos ianques, inclusive oficiais de alta patente, desonraram a tal ponto o uniforme da nação que representavam, que os protegera, que lhes dera as liberdades sobre as quais deveriam ser tão ufanos mas que tinham por fato consumado.
Depois da guerra da Coréia se registrou um dilúvio de derrotas diplomáticas e outras, culminando com os acontecimentos de 1957-58, quando o mundo acordou pra descobrir a Rússia ocupando o espaço sideral, enquanto Eua ocupava a Central High school em Arcansas.
O mundo reconhece nossas derrotas mas, de maneira geral, o povo ianque não as reconhece. Consideramos vitória a derrota na Coréia. Hesitamos tanto na Indochina, que a maior parte do país é ocupada pelos comunistas. Agimos com tamanha falta de tino no oriente médio, que as vastas reservas de petróleo daquela região estão escapando entre nossos dedos. Afrontamos, hostilizamos e isolamos nossos aliados na Europa ocidental, até transformar a organização pra defesa do atlântico norte numa oca carapaça militar. O mundo sabe disso tudo mas nós não.
Criticar Eua não é tarefa agradável. Quem o faz é acusado de perder a fé em seu país. Mas o povo ianque não pode se dispor a enfrentar o desafio do governo poderoso e incansável que o ameaça se continuar a aceitar as meias-verdades açucaradas e o xarope calmante que lhe são ministrados. Deve conhecer os fatos.
Não podemos permanecer inativos, esperando que a luta interna ao poder no Crêmilim atire a Rússia a nossas mãos. As muralhas do Crêmilim não são as muralhas de Jericó. Não ruirão abaladas por sete declarações de Foster Dulles nem cederão a uma civilização onde Elvis Presley ganha mais que o presidente de Eua, camioneiros em Chicago ganham mais que a maioria dos professores, um terço das receitas apresentadas aos farmacêuticos pra aviamento é constituído de pílulas tranqüilizadoras. A estrada de Miltown não é a estrada da vitória sobre o governo vigoroso e inescrupuloso que dirige a Rússia. Não podemos vencer a batalha da liberdade nem alcançar o grande objetivo da paz se mantivermos a cabeça enfiada na areia da ignorância.
Mas o germe da grandeza não foi perdido. Ainda está nos ossos do povo ianque. O povo estará à altura do grande desafio, desde que conheça os fatos. E foi com o objetivo de levar tais fatos a seu conhecimento que este livro foi escrito.
O material distribuído pelos diversos capítulos foi obtido de informantes do exército, marinha e força aérea, oficiais, especialistas da defesa civil, cientistas e diplomatas que colocam acima de tudo o interesse da nação. O material é também baseado no trabalho desenvolvido há muitos anos em Uóxintão, na cobertura do noticiário diplomático e militar. Também contém o resultado de observações de seis viagens ao exterior, feitas no decorrer dos últimos dois anos.
Somos gratos a muitos de nossos amigos pelos conselhos e orientação que nos deram, durante a fase de preparação deste livro, ao ex-secretário da força aérea, agora senador de Missure, Stuart Symington. Seu assistente, Edward Welch, aos senadores Estes Kefauver, do Tenessi, e Henry Jackson, de Uóxintão, membros da comissão das forças Armadas; ao senador William Fulbright, do Arcansas, da comissão de relação externa; a Trevor Cardner, ex-subsecretário da defesa; a Werner von Braun, da divisão de projétil balístico do exército; a tenente-general James Gavin; a almirante Hyman Rickover; a doutor Harold Urey, da universidade de Chicago; ao ex-senador William Benton, de Coneticute; a John Kennedy, diretor do Argus leader, de Sioux Falls, Dacota do Sul, que forneceu a nós uma série de conclusões sobre suas recentes viagens à União Soviética; a Eric Berghaust, diretor da revista Missiles & rockets; a Clair Blair, autor de O submarino atômico; a Louis Johnson, ex-secretário de defesa; a Tom Wilcox, que pertenceu ao laboratório de pesquisa científica da força aérea; a Don Ludlow, correspondente em Uóxintão do London mirror; a Herschel Schooley, que pertenceu ao departamento de defesa; a capitão William Chambliss, da marinha de Eua; e a coronel John R Nickerson, cujo explosivo memorando revelou aos observadores algumas das falhas básicas de nosso programa de foguete e projétil.
Finalmente, muito devemos a cerca duma centena de oficiais das forças armadas, que não estão autorizados a o afirmar publicamente mas que acreditam que sem imitar os métodos adotados na União Soviética poderemos fazer frente a seu desafio, que acreditam que Eua não terá de se converter numa potência de segunda-classe.
Com esse objetivo em mente, escrevemos este livro.
  

Já escrevi sobre o topônimo colombiano Itagüí, demonstrando que tem origem tupi. Mi alma se la dejo al Diablo, de Germán Castro Caycedo, editora Planeta, Bogotá, 1990, que acabei de receber de Carlos Molina, cita uma localidade no sul da Colômbia, floresta amazônica, perto da embocadura dos rios Jari e Caquetá, Araracuara, cujo topônimo está corretamente apontado na uiquipédia espanhola, https://es.wikipedia.org/wiki/Araracuara_(desambiguaci%C3%B3n), concordante com o definido pra Araraquara, topônimo tupi, em https://falabonito.wordpress.com/2007/07/05/cidades-brasileiras-cujos-nomes-tem-origem-no-tupi-guarani/.
● Porto Rico nunca foi país. Tomado da Espanha na guerra hispano-ianque, virou colônia ianque, dizendo estado associado, mas um porto-riquenho que mora em Eua vota mas se mora em Porto Rico, não. Os amariconas destruíram a economia porto-riquenha. Agora, se sentindo desamparados, querem voltar à Espanha. Mas isso não seria trocar 6 por meia-dúzia? Parecem não ver a antipatia geral dos hispano-americanos contra os espanhóis. Além do mais o governo espanhol ajudou Eua a financiar o Daesh, estado pseudoislâmico na Síria e Iraque: https://www.youtube.com/watch?v=QieDDzweGfE:
— […] As coisas não surgem por acaso, não é um grupo terrorista por acaso e não é um estado islâmico. É preciso exigir que teu governo e partido político digam qual foi a relação de Espanha ajudando Eua a financiar organizações com a Al-Nursa, derivada de Al-Caeda, porque Al-Nursa foi, entre outras coisas, um grupo terrorista financiado por Eua. [#@!ↆ℥†Ɂ~¡] Espanha colaborou com venda de arma e comprando, supostamente, e nossa bancada pede explicação ao governo, por quê o ministro Moronesi reconhece ter vendido arma, entre elas bombas de racimo, proibidas. Que expliquem se essas armas foram dadas a governos como Arábia Saudita. Quê responsabilidade tem o governo espanhol financiando e facilitando armamento que foi parar nas mãos do Ísis (Daesh) e de governos, que noutro dia Putim declarou e não quereis vos referir a isso. Houve colaboração de governos europeus com armamento a esses grupos terroristas. Que o governo espanhol explique a rota do petróleo comprado por Espanha, porque tudo aponta que está comprando e negociando petróleo vindo do Daesh [#@!ↆ℥†Ɂ~¡] […]

Há muitos livros com o tema do imperialismo cultural. A tese de que os gibis, seriados e filmes ianques são uma invasão cultural não é insensata mas o caso é que apesar da intensão ser maldosa a coisa não funciona.
Vendo um daqueles antigos filmes de colonos contra índios, me dediquei a torcer aos índios mas não durou muito. Não adianta o cérebro racional estabelecer que na verdade os índios são as vítimas. No microuniverso emocional as personagens principais, alfa, são os colonos invasores brancos. No desenrolar do enredo aquele microuniverso nada tem a ver com o universo real. No decorrer do enredo a se acaba torcendo pelas personagens principais. Isso é inevitável no estado psicológico normal.
Imagines um documentário onde uma raposa persegue um coelho na neve. Se o documentário é sobre o coelho, já começando mostrando a dura vida do bicho, a dificuldade em encontrar vegetal comestível e escapar dos predadores, tua simpatia vai toda ao coelho. Então torces pro coelho escapar. Mas se o documentário é sobre a raposa, já viste os filhotes na toca a ponto de morrer de fome, tendo uma rara oportunidade de achar um coelho naquele deserto gelado e sabendo que a próxima presa poderá aparecer tarde demais, torcerás prà raposa pegar o coelho.
É por isso que é tão difícil assistir um jogo de futebol, por exemplo, de modo imparcial, sem pendor a um ou outro. Inconscientemente simpatizarás mais cum deles, seja pela cor do uniforme, beleza nome, local donde procede, agressividade que exibe, por ter alguém ali que admiras, por um amigo ou familiar ser torcedor daquele, etc. E é por isso também que não se consegue jogar dama ou xadrez, por exemplo, sozinho, de modo imparcial. Experimentes.
Então uma superprepotência, que alega fazer bombardeios cirúrgicos, seria capaz de detetar via satélite trânsito de material radiativo, que se gaba de espionar todo cidadão até nos menores bilhetes que escrever ou no que disser via telefone e tem bases militares espalhadas no mundo inteiro não é capaz de controlar 3141km de fronteira seca e necessita dum muro pra isso?

sábado, 8 de abril de 2017

  do acervo de Joanco
Escaneio dum facsímile
As páginas internas originalmente coloridas estão em tom-de-cinza

 

Mado Martínez - Colombia sobrenatural 2
Grupo Zeta, Bogotá, 1ª edição, 10.2016
Impressionantes dados sobre o feitiço de corpo-fechado, com tipologia variada, muito usado na guerrilha colombiana, pesadelo muito pior do que imaginamos.
No primeiro caso, La maldición de Armero, na seção Almas en pena, onde as testemunhas viram um varredor fantasmagórico que não reagia às interpelações, ficando claro que não se trata de alma penada e sim do clássico fantasma, imagem gravada, memória-das-paredes, de manifestação cíclica e ainterativa.
A autora, jornalista espanhola que viaja no mundo pesquisando casos fantásticos, pois sobrenatural propriamente dito não existe, já prepara o volume 3.
Grato a Carlos Molina por enviar o livro

● Me dá mais angústia que conforto essa diabólica personalização internética que começou com as propagandas que aparecem conforme a origem do internauta. Então nunca terei oportunidade de conhecer as propagandas estrangeiras. No iutubo reduz a probabilidade de descoberta, de surpresa, de descobrir algo novo.
Me recorda aquela história do diplomata japonês a quem no Brasil sempre serviam comida japonesa, pra que não sentisse falta da terra natal. Só quando perdeu a paciência conseguiu experimentar comida brasileira.
Ao leitor incauto pode parecer maravilhoso mas é algo que só beneficia aos publicitários e respectivos clientes.
Imagines no futuro: Todas as páginas estrangeiras aparecerão perfeitamente traduzidas. Se alguém quiser ver um texto em sueco não achará.
Isso tudo está muito menos pra sonho que pra pesadelo.
Essa praga de personalização precisa ser banida.
● Sobre o problema dos buracos em nossa querida, triste e feia Buracópolis. Desde criança nunca vi nem imaginei ficar tudo abandonado, já dois anos de cidade esburacada, verdadeiro deboche.
Uma coisa fica evidente pra quem não nasceu ontem: A empresa tapa-buraco não existe, é só de fachada. Durante décadas vai tapando um buraco e outro. O asfalto tão remendado faz o carro trepidar. Mas um dia os buracos foram tantos, que a empresa não deu conta. Então tudo ficou muito na cara. Isso explica fingir que tapa buraco, tapar buraco inexistente ou tapar um e deixar outro ao lado. Se vê uma equipe tapando nalgum ponto da cidade mas não se acha outra equipe perto nem longe. Também explica o absurdo de se tapar buraco em pleno centro, em horário comercial no meio da semana, atrapalhando muito o tráfego. Coisa que não faz sentido, pois tal trabalho deve ser feito na madrugada. Mas faz sentido se é uma empresa de fachada fazendo questão de mostrar gritantemente que está tapando quando é tudo encenação.
● Chegou um lote comprado do sebo Traça, de Porto Alegre. Mais uma vez o problema com etiqueta adesiva de goma poderosa que ao ser retirada lasca a capa. Várias vezes pedi pra não pôr adesivo em área impressa. Na reclamação anterior sugeri usar plástico no caso de não ter lacuna pra adesivar. A dona agradeceu a sugestão. Mas quê! Só passando no bico. Acham que levam a gente na conversa.
Nesta vez responderam que conforme resposta anterior, o adesivo é necessário pra controlar o estoque. Avisei que não reclamarei em terceira vez. Na próxima colocarei a mensagem da livraria na lista de espã.
Começo a campanha contra livraria que não respeita as obras nem os clientes. Não justifica, pois é uma depredação da própria livraria, não adquirido assim. Procede abrir demanda em tribunal.
Um sebo de Buracópolis que insiste nesse tipo de vandalismo é o Maciel.

À coleção Adeene neles!
 
Noel Rosa - Recruta Zero 1950, 1951

 Frankie Muniz - Kyle Downes
  

Frank - Kyle Downes


Il castelo dele donne maledette (aka Frankenstein's castle of freaks), R Oliver, 1974 -

Coleção de cartão-postal de Joanco